Adolescentes sem rumo: cobrança, pressão e decisões
Ouço, regularmente, reclamações de pais de adolescentes ‘exigindo’ que os filhos tomem uma atitude e arrumem emprego, ou estudem, comecem a “dar jeito na vida”. Neste artigo, quero atingir o público dos pais dos adolescentes “filhinhos de mamãe” que, assim como eu, demoraram um pouco para decidir o que querem fazer de sua vida. Porque “na minha época, aos 18 anos, já estava com emprego, família, carro e dinheiro”.
Precisamos – nós, filhinhos de mamãe – que vocês entendam uma coisa:
Somos gratos por tudo que vocês nos dão, porém o excesso de oportunidades que nos é dado, acaba nos deixando confusos para decidir qual caminho devemos seguir. Vocês nos dão todas as condições para sermos pessoas de bem, mas tenham paciência, estamos ando por uma fase única da nossa vida, e procurar a independência é um pouco mais difícil, quando nos dão tudo.

Na geração dos pais – adultos de 40 à 50 anos – era necessário que saíssem de casa cedo, para procurar condições melhores de vida. E pela fase econômica do país, estava propício para isso. Vejo muitos adultos, inclusive, que sofrem até os dias atuais por não terem feito diferente ou simplesmente por não terem oportunidades. Mas o que vocês, adultos, fizeram? Lutaram para ter sua profissão, ter conforto para si e sua família, e vejam só: vocês conseguiram! Parabéns! Quase ninguém reconhece isso, afinal vocês se sentiam obrigados à tomar conta da própria vida e acabou sendo duro para vocês terem que lidar com tudo isso, afinal, seus pais eram mais exigentes com vocês – em sua maioria é claro, afinal são famílias e famílias – e diálogo era uma coisa rara de acontecer.
A nossa geração, que vocês adoram chamar de ‘geração mimimi’, por ter condições financeiras dos pais, começam a buscar, primeiramente, um sentido para a vida. Viver cada fase da adolescência como se fosse o último dia de vida, cada dia. Conhecem aquela expressão “Carpe Diem”? Aproveite o dia? É exatamente isso. Porém, não é só isso. Vocês sofreram por coisas que achamos desnecessárias, como exemplo: mágoa da família, estresse por quebrar algo que vocês pagaram caro e reclamam até hoje, carga do chefe, entre outras experiências que fizeram suas vidas estagnar em alguns sentidos. Nós vemos isso. Perder tempo de vida dos filhos, para ar tempo trabalhando para dar condições à sua prole, deixar de namorar pra trabalhar incansavelmente, chegar em casa estressado e descarregar nos filhos ou cônjuge… Há tantos motivos, que poderia listar. Nós enxergamos tudo isso, e nos perguntamos: é isso que quero pra minha vida?

Desde que me conheço por gente, dizia para todos: eu não quero ser igual à minha mãe e ao meu irmão, – os exemplos mais próximos que tinha – eu quero ser melhor que eles. Mas precisei de um tempo para organizar tudo na minha cabeça. Sempre fui mimada pela minha família, e fazer o ‘desmame’ acabou sendo mais difícil. E é exatamente isso que nós, os adolescentes ‘filhinhos de papai’, sentimos. Afinal, quando criança éramos bajulados, agora que viramos adolescentes, o mundo está contra nós?! Parem o mundo que eu quero descer! Onde está toda aquela paciência que tinham com a gente? Agora é só cobrança, cobrança e mais cobrança!

Eis a fase da descoberta e da dúvida mais comum que todos imaginam: Quem eu sou? Por que estou aqui? Qual o sentido de tudo isso?

Se seu filho está rodeado de amigos com as mesmas questões, ou até piores, cuidado! Não que sejam más influências, afinal também estão se descobrindo, mas podem pender ao lado da droga, bebedeira e sexo inseguro – o que é ‘normal’ nessa fase, afinal todos queremos achar um jeito de fugir de todas as cobranças e compromissos que nos é imposto e também testar nossos limites, e esse parece ser o jeito mais fácil de lidar com tudo isso – e Rock’n Roll. Mas coloquem limite e até traumatizem um pouco, afinal vocês tem experiência. Acreditem, alguns de nós precisamos viver essa fase para saber, por nós mesmos, que este não é e nunca será o melhor caminho! Não tirem isso de nós, mas tenham paciência e nos dê-em conselhos saudáveis, para que consigamos sair dessa fase sem tantos danos. Drogas podem até ser prazerosas, na série Euphoria, inclusive, o conselho da atriz que fazia o papel principal era: “Drogas são legais, porém podem acabar com sua vida”. Não estou defendendo o uso de drogas, jamais! Só estou pedindo, para caso o seu filho esteja com amigos, de certa forma, perdidos, que não os privem de vê-los, mas expliquem que não precisam ar por isso. Não leve isso como um tabu, é necessário que se fale sobre, afinal o mundo está assim. A falta de diálogo, muitas vezes, acaba fazendo com que nos afundemos mais nos ‘facilitadores de vida’ e isso, minha gente, é muito mais perigoso e pode não ter volta.

Se seu filho é daqueles que a a tarde inteira em frente ao computador ou jogando game, agradeça! Mas coloque limites também, afinal pode prejudicar a vida social dele. Se seu filho é daqueles que saem regularmente com os amigos, agradeça, mas coloque limites também, tente mantê-lo próximo da família para que ele não se sinta desamparado quando o negócio ficar feio. Se seu filho é daqueles que ajudam nas tarefas de casa, agradeça, mas coloque limites também! Para que ele não sirva tanto aos outros e esqueça de servir à si mesmo.
Minha vó, segundo minha mãe, dizia
sempre: “Vocês acham que ter filho é peidar
dormindo">Opinião:
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
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