Garapuvu, árvore símbolo do litoral catarinense, colore de amarelo as nossas montanhas.
Aproximadamente, na primavera, podemos observar a beleza da coloração amarela em nossos morros, principalmente no Morro do Mirim, em nossa querida cidade de Imbituba.
Essas árvores, nós, pesquisadores, identificamos como árvore nativa e histórica para nossa região.

Antigamente, antes da forte urbanização, era fácil encontrar essa linda árvore charmosa em casas das famílias até meados do século 19.
A Freguesia de Sant’Anna de Villa Nova e região, era rodeada pelos Garapuvus.

O Garapuvu, tem uma floração amarelada que nos encanta, diante de seu tamanho e de tronco elegante, onde serve com seu tronco para confecção da Canoa de um pau só.

A técnica para construção das canoas foi obtida com os indígenas que há mais de três mil anos caçavam tubarões e raias, e foi aprimorada com a chegada dos vicentinos e africanos na formação das armações baleiras. Esse aspecto é fundamental porque a caça das baleias começou no Brasil um século antes de ser praticada nos Açores, sendo os açorianos migrantes a partir de 1748 para Santa Catarina majoritariamente agricultores.

O Garapuvu teve o tombamento como árvore símbolo da cidade de Florianópolis, em 1992, foi uma espécie de tributo a sua importância histórica e floração, mas representou também uma reviravolta na vida do pescador. Além da proibição de corte, vieram as dores nas costas e o antigo ofício virou apenas lembrança.
A canoa hoje é Marco do ado, relíquia que sucumbe com a pesca artesanal nas comunidades tradicionais da Ilha e das cidades vizinhas colonizadas.

Com essa floração amarelada se torna a mais bonita na mata. Para o corte do tronco para confecção da canoa eram escolhidas de longe, pelo poste e o corte do tronco era feito ainda na mata. Costumava-se a ser arrastado em mutirão, onde era entalhada, primeiro com machado e depois com dois tipos de enxó – reta e goiva, “popa e proa, que são curvas, dão mais trabalho”. A espessura do casco varia entre 2 cm na borda, 4 no bojo e 6 no calado abaloado.
Dizem que os velhos canoeiros escolhiam apenas árvores com mais de 15 anos para corte, entre junho e agosto, meses de poda e que antecede a floração. É quando a madeira está madura e mais resistente, na racha no sol.
A madeira do garapuvu é a mais adequada para fabricação das canoas de um pau só, exatamente pela leveza e facilidade de entalhe. Muito leve, é indicada também para miolos de painéis e portas, brinquedos, saltos de sapatos, gamelas, formas de concreto, compensados e caixotaria.
No período de floração, o amarelo do guarapuvu destaca-se entre as árvores de grande porte da mata atlântica e transforma-se em um dos principais atrativos para abelhas. Seu desenvolvimento é rápido, atingindo, em média, 30 metros em 10 anos, início da fase adulta e estagnação do crescimento.

O fruto amadurece no outono, em forma de vagens bivalvas. Cada uma carrega apenas uma semente grande, lisa e rígida, que se dispersa pelos ventos. Apesar de não alimentar pássaros, há relatos, em que pode ser levada no bico de gralhas azuis, talvez confundida com o pinhão. É uma forma de espalhar a árvore pelos morros.
Esta árvore é apropriada para jardins extensos, parques e praças, modificando em poucos anos a paisagem. Além do aspecto escultural do caule e da copa, o garapuvu tem importante papel no reflorestamento de áreas degradadas de Mata Atlântica.
Deve ser cultivada sob sol pleno, em solo fértil, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente no primeiro ano. O garapuvu prefere locais úmidos como as margens dos rios, lagos e possibilidades de nascentes em encostas.

Aproveitem para apreciar nessa primavera esse espetáculo da natureza. No eio que fiz, consegui contar mais de 80 pés com a floração amarela, fora os que estão mata adentro. Garapuvu, também deve ser símbolo de árvore nativa da região e merece lei de proteção e tombamento.