Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

Conheça a história de superação de Érika, que teve que reaprender a andar e falar após sofrer um AVC na escola, aos 12 anos, em Imbituba

Compartilhe esta notícia:

Previous slide
Next slide

Uma ‘jovem adolescente’ que ama estudar seu comportamento e que tem prazer em filosofar sobre a vida. É assim que a nova colunista do Portal AHora, Érica dos Reis Bernardes, se apresenta. Isso, com a autoridade de quem, do alto de seus 21 anos, ou boa parte deles pensando e aprendendo muito, principalmente no período em que lutava para se recuperar de um acidente ocorrido, justamente, na escola, e que acarretou em graves limitações físicas. 

Contudo, o recolhimento, mesmo compulsório e traumático, foi transformado em grandes estoques de leituras, observações, reflexões e, consequentemente, de sensibilidade e sabedoria precoce que emanam da hoje moradora do Bairro Vila Nova, em Imbituba. 

Em sua coluna “À Flor da Pele”, que estreia neste domingo (14) aqui no AHora, Érika irá levar, principalmente, aos adolescentes e jovens, muito de sua experiência de vida e principalmente de suas reflexões. O espaço vai tratar de assuntos que mexem com a cabeça de qualquer um: a mente de um adolescente “nesta fase de ‘explosão mental’, terrível, incrível, tenebrosa, prazerosa e intensa”, como define Érika.. 

“Tentarei levar a verdade nua e crua de um adolescente, mas de forma mais poética e dramática, do universo ‘teen’. Mostrarei minha visão de mundo em relação a questões socioculturais que atingem os adolescentes. Sem defendê-los, mas sem ar a mão na cabeça dos adultos. Sim! Sou uma guria que recém saiu das fraldas e quer dar uma de ‘sabe-tudo’ no portal. Talvez? Quem sabe? Quem sou? Pra onde vou? Quem fui? À Flor da Pele é o sinônimo de adolescente. Hormônios, vida, arte, drama, rock ’n’ roll, sexo, teorias, ideologias que explodem. Como saber lidar com isso? Mostrarei o quão neutros precisam ser os pais nessa fase. E o quão conhecedores de si mesmos precisam ser os jovens para atravessá-la sem traumas”, adianta Érika.

Érika no “The Voice” da Escola Annes Gualberto, em Imbituba

Um AVC em plena aula e a adolescência em tratamento

Em 2012, aos 12 anos, a gaúcha de Caxias do Sul (RS) veio morar em Imbituba com a mãe Hosana, após 18 meses na Ilha da Magia, onde ela a mãe enfrentaram de tudo, “aventuras dignas de um livro”. Há apenas um mês na Capital da Baleia Franca, Érika foi confrontada pelo destino.

No aniversário de 13 anos, com a mãe, familiares a amigos

A então adolescente sofreu um traumático e inesperado Acidente Vascular Cerebral (AVC) logo em meio a uma aula no colégio do Bairro, o João Guimarães Cabral, instituição de ensino a qual, com seus colaboradores e alunos, segundo a jovem, a acolheu como se fosse da família. 

“A sala estava barulhenta, era aula de Português. Pedi à professora para sair um pouco, pois estava com uma dor de cabeça insistente. Ela permitiu e sentei então na bancada ao lado da porta da sala, onde tudo aconteceu. Meu corpo começou a formigar, como se eu estivesse minada de formigas. Comecei a ter dificuldade em respirar e, quando o ar já não entrava mais, entrei em desespero. Comecei a escorregar. Deus, que sensação ruim”, lembra a jovem. 

Na formatura do Ensino Técnico, com o irmão Cassiano e a mãe Hosana

Depois de algum tempo, Érika tomou conhecimento de todas as histórias do fatídico dia, inclusive a que seu crush da época participou de seu resgate. 

“Meu colega, minha paixonite da época, o qual, segundo meu diário, iria fazer dupla comigo no trabalho de Português, voltava da biblioteca com livros e me viu naquele estado. Chamou a professora, e logo vieram vários alunos a me olhar. Enfim, a professora de Artes, Meri, veio me acudir, se ajoelhou perto da minha cabeça e pediu que chamassem a ambulância. Só lembro dos socorristas me colocando na maca, levando para dentro da ambulância, e apaguei”, recorda.

A mãe conta que, no hospital, demoraram um tempo para reconhecer se tratar de um AVC. Suspeitaram até de meningite. A enfermeira padrão da policlínica, Rosi Brasil, hoje madrinha do coração de Érika, foi quem reconheceu que ela estava tendo um ataque epiléptico, a encaminhando para o Hospital Infantil, em Florianópolis. 

“Tenho apenas flashbacks, pequenos os cortes de recordações que vêm à memória”, revela. 

ado um mês do acidente, Érika começou as sessões de fisioterapia em casa, ainda com a cabeça enfaixada, mas logo teve mais problemas com a necessidade de realizar duas cirurgias, pois Hosana e a “tia Rosi” perceberam que a cabeça da menina estava crescendo. Além de mais essa batalha, Érika ainda lutou durante anos para recuperar os movimentos básicos do corpo. 

Reaprendendo a andar na praia da Vila, sob os olhares atentos da mãe Hosana

“Me levaram outra vez ao hospital, e era hidrocefalia. Havia líquido no meu cérebro. Voltamos ao Hospital Infantil e lá colocaram uma válvula na minha cabeça, para que todo líquido fosse expelido na urina. Esta fase eu não recordo, lembro apenas da minha recuperação, que foi lenta. Comparo com a ‘evolução do ser humano’: da cama fui para cadeira de rodas. Da cadeira fui para bengala e dela para minha condição atual, de caminhar normalmente, mancando um pouco”, relata, emocionada.

Três anos depois, da flor dos 15 anos, Érika, ainda com certa dificuldade nos os, já ensaiava o desfile a valsa para um momento muito marcante: a participação no Baile das 12 Rosas, uma noite especial para meninas que sonhavam com o dia do Baile de Debutantes no Imbituba Atlético Clube (IAC) promovida pelo artista Christian Ribeiro (Kiki), pela promotora de eventos Iramaia Pittigliani, pelo saudoso jornalista João Batista Coelho Jr (in memorian) e pela cabeleireira Ane Darcy. Na presença do mãe, do irmão Cassiano e do “irmão de coração” Deivid, a então menina-moça bailou e foi apresentada à sociedade imbitubense em um evento emocionante cujos padrinhos foram, o consagrado cabeleireiro Moisés Silveira e a Sra. Cida, organizadora do Bloco Tatuíras da Folia.

Hoje, depois de concluir o ensino médio e conquistar o diploma do curso técnico em istração pelo IFSC da Garopaba, Érika faz curso pré-vestibular e pretende fazer faculdade de psicologia. Depois de tantas dificuldades vencidas justamente nas fases em que se está com tudo à flor da pele, Érika é grata a muita gente e enaltece o acolhimento que teve na Capital da Baleia Franca. 

“Tenho gratidão eterna a elas. São muitos nomes. De Caxias do Sul, de Florianópolis e principalmente de Imbituba, onde nasci de novo, zerada. Nesta cidade, cuja gratidão não cabe em palavras, reaprendi a caminhar, graças à minha fisioterapeuta Ruth, a voltar a falar graças às fonoaudiólogas, a escrever graças aos professores. Agradeço a todo o pessoal da Unidade Básica de Saúde (ABS) da Vila Nova, que teve principal importância na minha recuperação. Obrigado à Escola João Guimarães Cabral, que criava campanhas para arrecadar cestas básicas para nos ajudar, pois minha mãe não podia trabalhar na época. Foram tantas pessoas envolvidas, que se eu pudesse eu agradeceria a cada uma pessoalmente”, exalta a futura psicóloga, antes de fazer uma verdadeira autoanálise. 

Na cadeira de rodas, com a mãe, no cais do Portinho da Vila

Durante toda a fase de luta até mesmo para voltar a falar, muitas pessoas ajudaram a ela a mãe fazendo parte da recuperação desta guerreira que teve a adolescência de certa forma pausada, interrompida, mas que hoje no auge da juventude, se sente uma verdadeira “teen”, resgatando a fase comprometida.

“Hoje digo que sou uma adolescente jovem como qualquer uma, com preguiça, manias e rebeldias. Meus professores e colegas foram importantíssimos nessa fase importante da minha vida, que ajudou a ser a pessoa que sou hoje. Sempre fui uma menina educada, gentil com todos, afinal aprendi a ter empatia e a não julgar sem conhecer. E até mesmo conhecendo a pessoa, não tenho o direito de agredir aos outros, com razão ou não. Cometi vários erros, uns até imperdoáveis, mas não podemos viver no ado. A vida é bela demais pra ficar se cobrando por coisas para as quais não têm como voltar atrás. Sou pessoa, sou humana. Estou aqui para aprender. Considero todas as pessoas como minhas professoras, aprendi isso com minha mãe, e levarei para a vida toda”, conta. 

Mulher feita, Érika olha pelo retrovisor e só tem motivos para agradecer a quem acredita ser o criador do universo e regente de sua vida, principalmente por ter lhe colocado em uma família tão especial, e repleta de amigos do peito, com quem pode contar sempre  

“Cresci sem pai biológico, mas Deus me deu, não apenas um pai de coração, mas uma família de coração. Deus me iluminou com uma mãe maravilhosa, que me criou com dificuldades, mas me tornou gente. Um irmão parceiro, que sempre me motiva a ser mais do que sou, acredita na minha capacidade. Deus me deu tudo que eu tenho hoje, me sinto ingrata quando peço mais, pois Ele já me deu tudo que eu nem pedi! Cresci muito mimada por Ele e pela minha família até. Mas creio que seja esse o sentido da vida, procurar evoluir mais para que possamos fazer diferença no mundo. Criar um legado que será inesquecível para o mundo. Para aqueles que não veem graça na vida, parem. Respirem. Se acalmem. Se necessário, procurem terapia. E siga a vida mais leve. Seja grato por tudo que acontece, de bom e de ruim. Você não sabe o dia de amanhã”, finaliza a colunista.

Fale conosco

Preencha o formulário abaixo que em breve entraremos em contato

Inbox no Facebook

Rua Rui Barbosa, 111 – Vila Nova, Imbituba – SC Brasil